Somos maiores que o coronavírus

 

Fica complicado tentar entender as epidemias sem antes entender o motivo que vivemos e como vivemos. Gostaria de aprofundar esta reflexão com você e falar sobre o coronavírus.

 

 

Em seu livro, “Processo Civilizatório”, Darcy Ribeiro sistematiza a partir de estudos antropológicos, paleontológicos e históricos, o processo que levou o ser humano em sua forma atual a se organizar em cidades, como as que conhecemos.

Esse processo, segundo o autor, tem seu início por volta da última era glacial, ou seja, cerca de 12 mil anos atrás e desencadeia entre os grupos de humanos, que viviam na região do continente africano, o maior movimento de migração que se tem relatos da nossa espécie.

A partir desse processo, subimos como espécie, o continente onde morávamos e começamos a nos espalhar pela atual Europa, Oriente Médio e através de uma linha que conectava este continente à América.

O fato mais determinante desta migração foi que um grupo iniciou a região do Oriente Médio conhecida como Mesopotâmia, o que podemos chamar de sedentarização. Até este momento, éramos nômades, fato que pode ser comprovado em determinados povos que mantêm o nomadismo até os dias atuais.

Vale lembrar também que uma boa parte dos índios que viviam nas Américas também tinham o nomadismo como prática. Esse grupo, no entanto, fixou moradia nesta região e começou a cultivar plantas de forma sistemática, obtendo da terra parte importante da sua alimentação e a domesticação de animais. O gado, por exemplo, remonta desta época o processo de domesticação.

O surgimento das primeiras cidades.

 

Deste movimento, começamos a formar o que podemos chamar de ‘primeiras cidades’. As aglomerações humanas em torno de lugares férteis e com boa provisão de água, torna-se ao longo da nossa história, um dos traços da nossa espécie.

Em uma outra obra, Yuval Rarari trouxe à tona boas reflexões da capacidade de conexão humana. Seus livros “Sapiens” e “Homo Deus” descrevem como, a partir da sedentarização, foi desenvolvido a capacidade de conexão através da fala, memória e difusão do conhecimento oral nos humanos.

Com isso, nos tornamos realmente a espécie dominadora e com enorme capacidade de transitar pelos espaços do mundo, como construir conhecimento a partir da troca de informações entre os seres da mesma espécie.

 

O surgimento das grandes metrópoles

 

E é com o surgimento das questões climáticas que damos início a uma jornada rumo a conquista do mundo, assim como criamos o modelo de cidades tão conhecido por nós. Este modelo de urbanização tem, com certeza, suas vantagens, possibilitando fornecer condições de saneamento básico, água e alimentos a grupos mais centralizados. Desta forma, conseguimos viver em melhores condições, porém, acabamos nos organizando em pequenas manchas urbanas altamente povoadas.

 

Com o surgimento das mega metrópoles, tudo começou a ficar mais caótico. Neste processo de urbanização, excluímos, em muitos casos, a base de onde vivemos, o meio ambiente. O ponto da virada, como as epidemias biológicas se aproveitam da nossa capacidade de organização para se proliferar, traz à tona estudos da gripe espanhola, varíola, entre outras para mostrar que tais epidemias, na verdade, constituem parte do nosso comportamento enquanto espécie.

 

Então, como podemos vencer o coronavírus?

 

Bem, a resposta está justamente em nossa própria trajetória evolutiva. Nosso comportamento é relacional e precisamos dos grupos, e das demais pessoas para construir nossa base de conhecimento, emoções e relações.

Dessa forma, é esse mesmo terreno fértil para as epidemias que trará as condições de nos livrarmos dela. Como espécie, temos todos uma só origem. O que apenas nos difere são os traços culturais que nos forjaram.

Enquanto seres humanos, podemos juntos lutar contra a epidemia lançando luzes em nossas redes que nos aproxima das formas corretas de proteção, respeitando os isolamentos quando necessário, mas acima de tudo, jamais criando pânico. Nossa jornada evolutiva sempre contemplou desafios como esses.

Venceremos a epidemia se entendermos que apenas juntos, podemos ser mais fortes que o vírus. A Europa, como berço da nossa cultura ocidental, vive nos dias atuais um surto do coronavírus, que pode se alastrar pelo mundo. Precisamos ter em mãos a maior arma: a informação.

Compartilhe com sua família, seus grupos e pessoas do seu relacionamento, fontes confiáveis de informação. O Ministério da Saúde possui uma área dentro do site, onde apresenta diversas informações sobre o vírus.

Prevenir também significa saber o que é certo fazer. As autoridades estão cientes da urgência quanto a casos positivos e vejo muitas pessoas preocupadas sem motivo ou alarmadas de maneira desnecessária.

 

Prevenção: A informação correta sobre o coronavírus é o melhor remédio

 

Ser contagiado pelo vírus, não é uma sentença de morte. Mas, pensando no bem de todos que vivem a sua volta devemos sim, ter todo o cuidado para conter a proliferação. Portanto, se você tem sintomas do vírus, procure um centro médico e tenha a informação correta como sua arma.

Somos mais fortes que o coronavírus, porém para isso, como sempre fizemos ao longo da história, precisamos estar juntos!

 

Escrito por Benício Filho

 

Formado em eletrônica, graduado em Teologia pela PUC SP, com MBA pela FGV em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios, pós graduado em Vendas pelo Instituto Venda Mais, Mestrando pela UNIFESP em Neurologia Oftalmologia na área de Empreendedorismo e pós graduando em Psicanálise pelo Instituto Kadmon de Psicanálise. Fundador do Grupo Ravel de Tecnologia, cofundador do Palestras & Conteúdo, sócio da Core Angels (Fundo de Investimento Internacional para Startups), da Atlantic Hub (Empresa de Internacionalização de Negócios em Portugal) e do Conexão Europa, atuando também como Mentor e Investidor Anjo de inúmeras startups. Lançou em dezembro de 2019 o seu primeiro livro “Vidas Ressignificadas”.